segunda-feira, 4 de março de 2013

Nota de repúdio ao machismo na calourada da USP de São Carlos


Estudantes foram hostilizadas durante trote realizado na instituição

Ás vésperas de mais um 8 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, estudantes da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, protagonizaram um episódio lamentável de machismo.
Durante um trote organizado por veteranos da instituição, no último dia 26 de fevereiro, um grupo de estudantes feministas foi atacado e hostilizado ao protestar de forma pacífica contra o “Miss Bixete”, espécie de concurso de beleza a que as calouras são submetidas. Alguns alunos chegaram a ficar pelados e a fazer gestos obscenos. Folhetos que incentivavam à agressão a mulher também foram distribuídos.
Segundo as manifestantes, membros da Frente Feminista de São Carlos, as calouras são constantemente expostas e humilhadas. Durante o concurso, as garotas são incentivadas a desfilar mostrando partes do corpo.

Apesar de ocorrer dentro da sede do Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (CAASO) o evento é organizado por um grupo autônomo de alunos que se autodenomina GAP (Grupo de Apoio à Putaria), que realiza festas e outros eventos estudantis.

Para a UNE, a democratização da universidade também passa por garantir igualdade de condições e o combate às opressões. A luta por direitos iguais para mulheres, negros e homossexuais representa reforçar a luta pela emancipação da humanidade, rumo a uma sociedade mais justa e fraterna pra todos e todas.

Leia abaixo nota da entidade sobre o ocorrido:

Na tarde da última terça-feira, 26 de Fevereiro, veteranos da USP – São Carlos do GAP (Grupo de Apoio a Putaria) protagonizaram episódios de violência contra estudantes na recepção de calouros e calouras. O primeiro episódio se deu através da organização de um trote no qual estudantes mulheres eram submetidas a uma competição, chamada Miss Bixete. Para ser vitoriosa, a estudante deveria se submeter cenas de constrangimento que variavam entre tirar a blusa até a simulação de atos sexuais. O segundo episódio foi a agressão, também por parte dos veteranos, feita às estudantes da Frente Feminista de São Carlos que ao realizarem sua manifestação receberam xingamentos, gestos obscenos e meninos ficaram pelados para hostiliza-las.
A União Nacional dos Estudantes luta para combater o machismo na sociedade. E acredita que o papel da Universidade nessa luta é de não reproduzir os valores opressores da sociedade e, também, de combatê-los.
Repudiamos o trote machista construído pelos veteranos que serve para humilhar e tratar as mulheres como objeto e mercadoria. Repudiamos, também, a agressão feita pelos veteranos às estudantes que se manifestavam. Repudiamos o fato que as mulheres ao protestarem contra o machismo sejam vítimas de mais machismo!
A entidade não somente se solidariza as estudantes, mas, também exige as devidas atitudes dos órgãos universitários e públicos competentes a serem tomadas contra os responsáveis pelas agressões.
A União Nacional dos Estudantes realiza campanhas periódicas contra os trotes machistas e defende que a recepção de calouros deva promover a integração entre os estudantes de forma saudável e respeitosa.
A universidade hoje tem 50% de mulheres em seu corpo discente mais ainda tem o grande desafio de torná-la um espaço realmente das mulheres e para as mulheres!

Contra esses lastimáveis acontecimentos, respondemos: Somos Todas Feministas!

União Nacional dos Estudantes
Diretoria de Mulheres da UNE

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